O mercado editorial tem ótimas referências para a área.
Destacamos seis títulos internacionais recentes:
The Ethical Journalist (O jornalista ético) é obra recente, editada em 2010 pela Wiley-Blackwell. O subtítulo do livro do experiente jornalista Gene Foreman dá uma dimensão do que se pode encontrar nas 408 páginas do volume: “Tomando decisões responsáveis na busca pela notícia”.
O que o leitor tem diante de si é um bem sustentado manual de ética jornalística, fartamente ilustrado com casos reais e com dilemas profundos sobre como agir na profissão. O estilo é bem norte-americano mesmo. Então, o leitor se depara com um tratamento bastante objetivo dos temas, com um pragmatismo que nem sempre estamos acostumados nas redações brasileiras. Mesmo assim, vale a leitura e vale a consulta à obra, que traz tópicos muito oportunos, como questões éticas específicas do webjornalismo e do jornalismo visual, coberturas em sociedades complexas e multiculturais, e transformações na mídia e ética…
Ethics for journalists (Ética para jornalistas) é assinado por Richard Keeble, diretor do Departamento de Jornalismo da City University de Londres e autor de um dos manuais mais conhecidos da área no Reino Unido: The Newspapers Handbook. Neste livro sobre ética – mais econômico nas palavras, afinal são apenas 168 páginas, e mais focado no assunto -, Keeble trata com desenvoltura temas que já atraem nossa atenção pelo menos desde 2001, quando a obra foi editada pela primeira vez: tabloidização das notícias, regulação da mídia, coberturas de assuntos delicados como gênero, doenças mentais, deficiências, Aids e o mundo gay… Merece atenção o último capítulo onde o autor “ensina” a como responder diante de dilemas éticos práticos e contemporâneos.
The ethical journalist (O jornalista ético) foi lançado em 2007 e é assinado por Tony Harcup, professor sênior do Departamento de Estudos em Jornalismo da University of Sheffield.
Nas 210 páginas do livro, o autor adota posições bem demarcadas sobre novos valores nas redações, sobre interesse público, regulação do jornalismo e sobre o surgimento de novos padrões de conduta. A conclusão é óbvia, mas não menos importante de ser repetida: “jornalismo ético é jornalismo bom”.
Os apêndices do volume servem como um bom complemento aos debates: são códigos de ética ou recomendações de conduta de diversas empresas de mídia ou órgãos classistas, que vão da estatal BBC à emergente Al-Jazeera, passando pelo poderoso Ofcom, o departamento britânico que cuida das Comunicações.
Ethical Communication – Moral Stances in Human Dialogue (Comunicação Ética: instâncias morais no diálogo humano) foi organizado por John C. Merrill e Clifford G. Christians, dois dos nomes mais conhecidos internacionalmente sobre o tema. Como aponta o próprio título, a obra de 2009 é menos jornalística e mais ampla, salientando sobre como a comunicação de massa pode contribuir para o desenvolvimento humano sendo difundida de uma maneira mais plural e equilibrada. Para isso, os organizadores convidam professores e pesquisadores de diversas instituições a buscarem na filosofia e noutros campos conceitos e ideias que podem contribuir para o cenário que se deseja. Como se fossem convocados a ensinar, Aristóteles ou Madre Teresa desfilam pelos capítulos, assim como Gandhi, Paulo Freire, Platão, Maomé, Nietzsche, Martin Luther King, Habermas, Marx, Moisés, Kant, Maquiavel, entre outros. Acontece o mesmo com conceitos como os de solidariedade, lealdade, liberdade, caráter, superação, pragmatismo, cidadania… Uma obra para expandir a mente e abrir o coração.
The invention of journalism ethics – the path of objectivity and beyound (A invenção do jornalismo ético – o percurso da objetividade e além) parte de uma questão incômoda: a objetividade existe nas novas mídias? Stephen Ward, professor da área na University of British Columbia, argumenta que tanto os jornalistas quanto o público precisam de uma nova teoria da objetividade.
É este o propósito que move o autor nas 360 páginas do livro originalmente lançado em 2004 no Canadá e que só atravessou as fronteiras daquele país dois anos depois. Seu longo argumento se sustenta em três sólidos capítulos: as raízes da objetividade jornalística, a sua evolução a partir do século XVII e a proposição de uma objetividade pragmática, vislumbrando até mesmo um futuro para essa ideia. Arrojado, insistente e severo.
De 2003, Ethics & Journalism (Ética e Jornalismo), de Karen Sanders, é um desses livros que levam as pessoas a se apaixonarem pelo assunto, mesmo quando ele se mostra espinhoso e melindroso. Não chega a ser um manual, mas seus capítulos curtos, os muitos exemplos e a linguagem clara e didática permitem um bom sobrevôo dos principais dilemas da profissão, como o relacionamento entre repórteres e fontes, a autoregulação dos jornalistas e códigos deontológicos e a tensão entre interesse público e vidas privadas. Sim, não é nada novidade, não é nada demais. Mas é sempre muito bom retornar a esses debates, pois é neles que se apóia essa profissão tão estratégica, importante e necessária…